O padrão moral bíblico, fundamentado na santidade de Deus e revelado nas Escrituras, tem sido um guia claro para a conduta cristã ao longo dos séculos. Contudo, o liberalismo teológico, com sua inclinação para relativizar a verdade e reinterpretar os mandamentos divinos, tem causado uma ruptura preocupante na aplicação desses princípios.
A Moralidade Bíblica: Uma Base Inabalável
A moralidade cristã está firmemente enraizada na Palavra de Deus, que define o que é certo e errado com base no caráter santo e imutável de Deus. Princípios como o respeito à vida, a fidelidade no casamento, a honestidade e a justiça não são meras convenções sociais, mas expressões do coração de Deus para o bem-estar da humanidade.
Como Paulo afirma: “Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça” (2 Timóteo 3:16). A moralidade bíblica não é apenas normativa, mas também transformadora, oferecendo um caminho para a santificação.
A Relativização dos Valores
O liberalismo teológico, porém, questiona a validade universal desses padrões, adaptando-os aos valores culturais e sociais contemporâneos. Isso frequentemente resulta na relativização de princípios essenciais, como:
A santidade do casamento: A visão bíblica sobre o casamento como uma união sagrada entre um homem e uma mulher é frequentemente diluída em interpretações que buscam acomodar relações contrárias ao padrão das Escrituras.
A sexualidade humana: Comportamentos outrora considerados pecaminosos passam a ser normalizados sob o pretexto de “contexto cultural” ou “progressismo“.
A ética da vida: Questões como aborto e eutanásia, explicitamente rejeitadas pela visão bíblica da sacralidade da vida, são frequentemente reinterpretadas como “direitos individuais”.
Como resultado, o que deveria ser um padrão absoluto torna-se um conjunto de sugestões abertas à opinião subjetiva e à pressão cultural.
A Ruptura com a Santidade de Deus
No centro da moralidade bíblica está o chamado à santidade: “Sede santos, porque eu sou santo” (1 Pedro 1:16). O liberalismo teológico, ao enfatizar a aceitação e a inclusão a qualquer custo, muitas vezes negligencia esse chamado. Em vez de convidar os crentes a uma transformação radical, ele oferece uma versão diluída da fé, onde o pecado é minimizado e o arrependimento se torna desnecessário.
Robinson Cavalcanti destacou que essa abordagem é uma “perda de foco no Deus santo e na cruz redentora de Cristo“, transformando o cristianismo em um sistema ético humanista, desvinculado de sua essência espiritual.
IMPACTOS NA COMUNIDADE CRISTÃ
Confusão Moral:
Sem um padrão claro, as igrejas enfrentam divisões internas e uma crescente dificuldade em definir uma ética coerente. O que uma geração aceita como moralmente válido, a próxima pode descartar como ultrapassado.
Afastamento dos Fiéis:
Muitos cristãos, ao perceberem que os valores de sua igreja não diferem dos da cultura secular, deixam de encontrar sentido na prática da fé e abandonam a comunidade.
Testemunho Enfraquecido:
Uma igreja que abandona a moralidade bíblica perde sua autoridade como luz em um mundo de trevas. Como Jesus advertiu: “Se o sal perder o sabor, com que se há de salgar?” (Mateus 5:13).
O Risco de um Cristianismo Cultural
Quando o padrão moral bíblico é substituído por normas culturais, o cristianismo deixa de ser uma fé transformadora e se torna uma religião de conveniência. Como o reverendo Augustus Nicodemus Lopes afirmou: “O liberalismo teológico molda Deus à imagem do homem, em vez de moldar o homem à imagem de Deus.” Essa inversão é um convite ao caos moral e espiritual.
Dom Caldas
Bispo Diocesano
